Páginas

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Capitalismo versus Ciência


Somos constantemente bombardeados com o mito de que o capitalismo impulsiona inovações, tecnologia e avanços científicos. A verdade é exatamente oposta. O capitalismo refreia todos os aspectos do desenvolvimento humano, inclusive a ciência e a tecnologia.

Dizem-nos que a concorrência, combinada à motivação do lucro, impulsiona as grandes corporações, incentiva a criação de medicamentos e novos tratamentos médicos. O livre-mercado, afirmam-nos, é o maior motivador dos avanços humanos. Mas realmente o contrário é o que acontece. As patentes, a propriedade privada dos meios de produção, o lucro são efetivamente os grandes obstáculos que a ciência tem conhecido no decorrer da história recente. O capitalismo detém todos os aspectos do desenvolvimento humano; a ciência e a tecnologia não constituem exceções.


O mais novo e gritante exemplo de que a propriedade privada dos meios de produção serve de barreira para o avanço pode ser encontrado no fóssil "Ida". Darwinius masillae é um lêmure de 47 milhões de anos de idade recentemente “descoberto”. Todo e qualquer indivíduo interessado na evolução alegrou-se com o desvendamento de uma espécie transicional, ligando primatas superiores e mamíferos inferiores entre si. Ida tem olhos frontais (forwaring-facing), membros curtos e polegares iguais oponíveis. O que é até mesmo mais notável é a assombrosa condição em que foi preservado. Este fóssil tem 92% de sua integridade preservada. O contorno de seu pelo está claramente visível e os cientistas puderam até examinar o conteúdo de seu estômago, determinando que sua última refeição compunha-se de frutas, sementes e folhas. Entusiastas dirigem-se aos montes ao Museu de Historia Natural de Nova Iorque para uma visita rápida ao fóssil referencial.

Então o que tem Ida a ver com o capitalismo? Bem, ele foi efetivamente descoberto em 1983 e mantido na posse de um colecionador particular desde então. O colecionador não entendeu a importância do fóssil, e o fato não surpreende, pois ele não é paleontólogo e desta forma o fóssil cobriu-se de poeira durante 25 anos.

Existe um amplo mercado internacional para fósseis. O capitalismo transformou estes tesouros, que por direito pertencem a toda a humanidade, em mera mercadoria. Fósseis mantidos na posse de particulares são regularmente emprestados a museus para que possam ser estudados ou expostos. Coleções particulares de fósseis dão a volta ao mundo, gerando dinheiro para seus donos, em vez de passarem por estudos sérios. E incontáveis espécimes raros jazem nos depósitos de empresas de investimento, ou nas salas de estar de colecionadores servindo tão-somente de assunto para conversa. É impossível saber quantos fósseis importantes permanecem em gabinetes de milionários à espera que alguém os descubra.
Mike Palecek

Nenhum comentário:

Postar um comentário