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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A universidade e o modelo de ensino excluem os filhos dos trabalhadores



Os filhos dos trabalhadores, por uma questão objetiva de logo cedo terem que ajudar com as despesas de casa fazem com que o jovem tenha que “ralar” para conseguir um “dinheirinho”, precisando trabalhar muitas vezes já na adolescência. Esse é o principal motivo da enorme evasão no ensino público básico.

Dividir os estudos com a precoce necessidade imposta de trabalhar e pagar contas, somado à precária estrutura do ensino público básico - sem atrativo nenhum (com a maioria das instituições muitas vezes completamente sucateada, sem as mínimas condições de ensino), sem Passe-Livre Estudantil (transporte gratuito para chegar à escola) - é a receita que o capitalismo criou para afastar os jovens filhos dos trabalhadores das escolas. Grande parte já fica enroscada no funil do ensino básico e médio e outra parte é barrada pelo funil do vestibular.

O resultado do Enem 2009 mostrou o sucateamento do ensino público básico: entre as 50 melhores escolas, 40 são particulares e somente dez são públicas, 9 delas são federais (públicas de alta excelência, que atendem essencialmente a classe média e são localizadas nos bairros centrais). Entre as 50 escolas com o pior desempenho no Enem, todas são públicas e se encontram nos bairros periféricos (Folha/Uol). Isso não é uma coincidência apenas, mas sim resultado de toda uma política que privilegia a parte mais rica da sociedade.

Os poucos jovens trabalhadores que conseguem chegar a uma universidade pública muitas vezes são impedidos de estudar pelo simples fato da maioria dos cursos serem oferecidos somente nos períodos diurnos, quando normalmente a maioria desses jovens está trabalhando.

Das 793,9 mil vagas oferecidas pelo SISU em 2010, apenas 17,4 mil corresponde aos cursos noturnos (site MEC), a maioria são cursos de licenciatura e praticamente nada dos cursos considerados “de ponta”. Das 51 instituições só algumas oferecem o curso de Direito, nesse período, e nenhuma oferece curso noturno de Medicina. Mesmo os que conseguem estudar encontram uma universidade com fraca política de assistência estudantil (alimentação, moradia e saúde), obrigando muitos a “largarem” o curso.

Como vemos está tudo organizadinho para que o filho do trabalhador não chegue à universidade.

Ramirez. E.M.

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